responsabilidades, chateações e barganha

Quase que irremediavelmente, temos que fazer escolhas na vida. Quantas vezes já mencionei isso aqui no blog? Infinitas. O que acontece, entretanto, é que toda escolha acarreta consequências, e devemos tomar nossas escolhas baseando-nos em nossos valores e vontades profundas.

No momento em que tomamos decisões, passamos a ser responsáveis pela consecussão de parte de nossos planos. Responsabilidade, então, passa a ser um aspecto com o qual se deve ter atenção. Ter responsabilidade significa, dentre outras coisas, que você vai manter sua palavra consigo mesmo.

Ao manter nossa palavra conosco mesmo, continuamos a estar sujeitos às consequências que vieram "de brinde" com nossas decisões, o que pode vir a chatear muita gente. A escolha posterior - ou não - que temos que fazer é entre suportar o fato de estarem chateados conosco por termos tomado decisões que priorizam nossos próprios interesses e não os alheios, ou não suportar isso e ceder às vontades de outros, que nem sempre dizem respeito às nossas crenças e vontades próprias.

Quanto a negociação das tristezas subsequentes, hoje aprendi uma decisão: a manutenção de boas relações nos impede de adotar sempre uma posição ofensiva no que concerne à defesa de nossos interesses. Barganha nem sempre faz parte do jogo. Segue o exemplo que me mostrou essa lição.

Desde que me mudei, a descarga do banheiro é bastante difícil de apertar e, quando despressionada, prime à parede uma pressão enorme, porque não tem aquela suave volta ao estado de repouso. Tomei coragem - e arranjei tempo - para chamar um encanador, que, depois de dois dias, completou o serviço, cobrando um preço enorme pela mão-de-obra. Como os que me conhecem bem sabem: odeio sentir que estou pagando injustamente por alguma coisa, odeio gastar dinheiro sem que haja necessidade, etc.

No dia seguinte à prestação do serviço, depois de já ter conseguido abaixar o valor em dez reais - "grande coisa", em vista no valor cobrado -, esperava o profissional vir buscar o dinheiro, e já tinha passado alguns minutos elaborando alguma argumentação que o convencesse a abaixar o preço. Quando, finalmente, chegou a hora do pagamento, depois de ter sido feito um último reparo, resolvi não fazer confusão, apesar de ter me chateado bastante. Paguei o valor cobrado, e, em retorno, vi aquele senhor ser simpático - pela primeira vez -, oferecer seus serviços a qualquer outra necessidade minha, etc.

Depois do ocorrido, pensei em duas coisa.

Em primeiro, um argumento econômico: o tempo que eu teria que despreender me profissionalizando para realizar as funções que ele realizou renderão, no meu futuro, bem mais que o valor que ele me cobrou; logo, vale a pena que eu pague, porque continuarei investindo em outros ativos que possuem rentabilidade bem maior.

Em segundo, não adiantaria fazer confusão e até conseguir abaixar um pouco o preço, porque - em vezes subsequentes - outro serviço poderia ser mal prestado por esse mesmo profissional, que ainda poderia se recusar a prestar serviços para mim, o que me causaria ainda mais transtorno, tendo que procurar por outro profissional.

Solução: na próxima vez em que esse tipo de serviço for prestado, convém pedir que o orçamento seja feito com antecedência - isso coloca um pouco mais de pressão para que o prestador seja mais leve na mãozada -, e, se não for um caso de urgência, e se seu tempo e paciência lhe permitirem, peça outros orçamentos.

Comentários

Stephane Matos disse…
Sinceramente? Não concordo.
Só porque a gente tomou uma decisão, não quer dizer que, mais na frente, MEDIANTE OUTRAS PERSPECTIVAS, não possamos mudar de idéia.
Se tudo muda o tempo todo no mundo, por que nós, humanos, imperfeitos, não temos o direito de mudarmos? E mudamos! Mudamos mesmo, igual a tudo: o tempo todo no mundo.
As vezes não enxergamos o quadro todo, não enxergamos toda a situação... mas o tempo passa, e o conhecimento que adquirimos no dia-a-dia, o nosso crescimento diário, amplia nossas visões e ai, POR QUE NÃO, mudamos nossas decisões.
It's ok! Ninguém espera que sejamos perfeitos. Exatamente porque não somos! Não é possível!
Mas, enfim... concordo com a parte de que se deve pedir orçamento antes de fazer o serviço. Depois que tá feito, meu amigo... não adianta choramingar!
Bom que vc aprendeu essa lição. Pra comerciante, BARGANHA É TUDO.
Te amo muito.
SAUDADES.

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