um papoco, um sorriso, um sinal de pare

Quem joga com sorte, sempre pode pender pr'onde não quer. Imagine que você fez uma prova, estudando direitinho, e tirou um oito; seu colega, entretanto, baseou seus estudos em uma cópia de prova do semestre anterior, a qual você também possuia, apesar de ter desconsiderado a mesma, dada a jumentisse de não ter parado para pensar na possiblidade de que a prova pudesse vir a se repetir tal-e-qual como a passada. Tendo seu amigo ido melhor que você, qual a ideia à qual sua mente se resvalaria, nessa circunstância? Óbvio - pra mim - que se decorem as provas que serviriam para fazer as seguintes. Nada de errado com isso, claro, mas há sempre o risco de seu professor ser um respeitável senhor de idade cujos dessabores da vida tornam a tarefa de viver impossível de ser levada adiante - ou ao menos, que seja assim que seus alunos o vejam, dada a maçante aula oferecida no recinto estudantil - e querer descontar toda a tristeza e amargura nos pobres alunos, que não comparecem às aulas, ministradas na longínqua Ala Sul da Universidade. É simplesmente longe demais para se ir, e às oito da manhã, aqui no Planalto Central, sopra um vento frio que só a gota serena. Pobres de nós, tadinhos... Ao menos posso dizer que aprendi alguma coisa - não, não foi uma lição de moral, mas um pouco da matéria. Falando em aprender, espero que o dono de um carro que vi estacionado ontem aprenda uma lição - graça involuntária é a melhor de todas. Como é que um elemento prega - em sã consciência - um "adesive" com uma foto de si sorrindo um sorriso daquele jeito, divulgando uma campanha para deputado? Nem conheço o caboclo, mas tinha era que agradecer pela risada que me fez dar. Balde.
Deve ter gente que acha que eu devia parar de "frescar" com tudo e todos no meio do mundo. Um exemplo desses deve ser o fabricante de papel higiênico que comprei há pouco tempo. Passando minha vida, como sempre, vivendo cada dia após o outro; num belo momento, olho pr'as folha (repare a quebra de adequação linguística proposital) do rolo e vejo o que segue: o desenho de um cachorrinho segurando uma placa de "pare" - what the hell is this supposed to mean?! Isso TEM que ter algum significado - simplesmente, não é possível ou aceitável que não tenha! Hoje à tarde vou ligar pro fabricante e perguntar sobr'isso, contando como ontem dormi às 3h da manhã, mesmo tendo que acordar cedo hoje, porque teria que me deslocar rumo à distante sala onde o professor puniria seus alunos pela falta de respeito, pensando em como sua vida havia sido sem sentido, e em como daria tudo para voltar atrás e mudas alguma coisa. Talvez tivesse perdido peso enquanto ainda podia se mover - o que aliviaria as enormes dores nas costas e/ou nos joelhos que sentia diariamente -; ou talvez aprendesse a se olhar no espelho antes de sair de casa e pensar consigo: "Aleroswaldney, você vai tirar essa carranca daí agora mesmo, e vai sorrir pra muita gente hoje". Talvez até fizesse uma campanha para se eleger deputado, pregando uma divulgação em seu carro.
Tem um ditado - acho que chinês - que diz: quem não tem um sorriso no rosto, jamais deveria abrir uma loja. Isso me lembra a senhora dona do restaurante onde almoço quase todos os dias. Boa tarde, dona Filirmina; boa tarde, vai querer beber alguma coisa; não, obrigado. Sempre com um sorriso no rosto. Realmente é agradável. De verdade.

Comentários

Addison disse…
Alex, esse seu lirismo me é novidade. Até tentei, mas foi impossível não se surpreender. A circularidade que há durante o texto me lembrou o Kundera, além da importancia dada aos 'coadjuvantes', a riqueza dos detalhes irrelevantemente relevantes.

Um abraço.
Steph :) disse…
Me pergunto se é por frescar e se abrir dos outros que a vida da gente é essa disculhambação... HAHAHAHAHA.
Pode ser, né, não?
Vc é mais talentoso do que eu sabia, aliás.
Me orgulho de vc sempre, meu lindo. E cada vez mais.
Vc vai longe e irei de mãos dadas contigo. Vc escrevendo e eu fotografando tudo! Ieeei!! ;P
Te amo!
Roberto Mac disse…
mais um dos melhores textos que tenho lido ultimamente.
Já tou é imaginando o que te realmente aconteceu nessa prova aí da unb.
Quanto ao teu prof.. assisti o filme "a origem" e lembrei duma frase que provavelmente aplica-se a esse senhor e a todos os aspirantes do ofício: "você quer tornar-se velho e cheio de arrependimentos"?

=]

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