O valor do aprendizado

"Nós nunca atravessamos o mesmo rio duas vezes" - já dizia Heráclito de Éfeso.

Nunca vivemos a mesma experiência de forma igual na vida. Então por que banalizamos todo nascer-do-sol? Onde foi parar a beleza de estarmos vivos todos os dias? Se foi.

Passando a vista por um trecho de J.Krishnamurti, li alguma coisa sobre a diferença entre conhecimento e verdadeiro aprendizado. Conhecimento nos serviria a fins instrumentais - como lembrar o endereço de casa. Já aprendizado, diferentemente, é quando você enxerga o mundo com olhos de criança - como se fosse a primeira vez.

Abordar situações na vida com ideias pré-concebidas é, por definição, não inovar. Sem inovação, ficamos na mesma. Quando tratamos um problema pelas mesmas vias, é provável que não vejamos nada de novo.

"O mais importante é que nunca paremos de perguntar. Curiosidade tem sua razão de existir". Dizendo isso, Einstein, cara sagaz, concorda comigo - ou será que concordo eu com ele?

Como seria bom se pudessemos abordar cada situação com novos olhos, correto? Mas não é fácil assim, e não vejo propósito em escrever neste blog para idealizar somente. Criemos um ambiente de discussão! Ações exercem um efeito multiplicador por si mesmas. Se discutirmos aqui e disseminarmos a ideia de inovar, cada ouvinte vai pelo menos pensar a respeito. Então chegou a hora de tornar esse blog mais interativo. Como voltar a ser criança? Começo dando minha visão.

Nossa mente é um encadeado de neurônios que funcionam como um teia de aranha, e não como um monte de estantes de livros. Cada novo conhecimento que você tem é uma nova porta que você abre para que novas coisas surgem. Por isso, qualquer dança diferente, música nova, palavra estranha em idioma longínquo, ou receita de bolo é uma nova ligação feita na nossa mente. Essa, então, seria a porta à inovação - de acordo com minha opinião.

Não obstante o dito acima, vou tocar em mais um ponto fundamental: preguiça. Todo mundo tem e não é pouca, no meu caso. Não aguento mais sustentar a ideia de que sou uma pessoa extremamente disciplinada: é muito fácil ter disciplina pr'aquilo que gosta. É bom demais ler sobre qualquer assunto que me interesse de verdade - já os que não me interessam... esses são impossíveis, e eu invento de tudo para não fazer nada com relação a isso - até me tornei compulsivo por organização!

Assim, já que preguiça é o que separa meros mortais de uma vida mais criativa, deixando tanta gente na frente do computador lendo um blogzinho à toa, acredito que a resposta para resolver isso é interesse. Quando aprendemos a ter interesse sincero pelo que fazemos, tudo se destrava. Agora, se alguém souber como fazer isso, não demore mais em me contar. Já perdi tanto tempo da minha vida sem conseguir cumprir tantos objetivos. Deixamos de viver plenamente. Agora a última frase da postagem, cuja autoria desconheço:

"Eu me organizo, por respeito aos outros e a mim mesmo."

Comentários

Lorraine disse…
"[...]por que banalizamos todo nascer-do-sol? Onde foi parar a beleza de estarmos vivos todos os dias?"

Já comentei com você como acredito no sentido para as coisas (a vida, especificando) serem como são. Para tudo tem um motivo de ser. Seria muito bom se só o apreciar de um nascer-do-sol nos fizessemos felizes. Mas será que o contrário também não ocorreria?Um simples dia chuvoso, para quem não gosta, se tornaria um tormento.
E como ficaria nossa cabeça se ao acordarmos ficassemos pensando "como é bom estar vivo", "como é bom estar saudável", "como é bom ter um teto", "como é bom ter comida", apreciando cada detalhe que realmente faz a diferença, mas que nos privariam de "progedir mentalmente", de planejar o dia, amadurecer idéias, bolar planos.

O ideal tem haver com aquela citação que sempre te digo de Aristóteles: "O homem deve encontrar o meio-termo, o justo meio; deve viver usando, prudentemente, a riqueza; moderadamente os prazeres e conhecer, correctamente, o que deve temer."

Agora já seria uma outra história a abordargem das situações com curiosidade, sem partir de idéias já formadas para, assim, podermos chegar em resultados diferentes e, talvez, mais eficientes. Mas como nada nessa vida é fácil (não pense que sou pessimista =p), precisamos ter o cuidado para não desperdiçarmos os conhecimentos já existentes, correndo o risco de nos prendermos a descobertas básicas já antes feitas e que, com isso, poderiam nos dar a chance de aprimorá-las e progredirmos. Mais uma vez a questão do meio-termo.

É como se a vida fosse a busca pelo equilíbrio, o que estamos chamando de meio-termo, que é um único ponto (e bem pequenininho), sendo os outros os extremos, tanto para mais, quanto para menos. É difícil achá-lo, mas o importante é sempre procurá-lo. E você faz bem isso. =)

A pergunta para mim seria: por que as oportunidades de errar são tão maiores que as de acerto?


;*
Unknown disse…
Três pontos importantes:
1) Juro que li JÕAOo Kristnamurti!!!!!
hahhhahahhahah
2) Acho que antes de se interessar, as pessoas precisam se sensibilizar, o que gerará interesse e boa convivência
3) As Universidades deveriam ser (isso é uma opinião minha, radical, porque vem das primeiras universidades) um espaço de discussão, não um espaço de formação. Daí a gente já cai em uma discussão sobre como o mundo é (de)formado hoje em dia e qual modelo de indivíduos é interessante para a superestrutura. O que já seria uma discussão. E já colocando outra: como perceber essa necessidade por se discutir? Dica: Volte para o ponto número 2.
PS: Não tenho uma opinião formada sobre o que fazer com a preguiça, talvez porque não saiba lidar de forma correspondente a esse mundo exigente como ela me forma.

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